25/05/08

Biomimetismo: Desenho Natural


O biomimetismo (biomimética) é uma área científica que estuda as estruturas biológicas (nomeadamente as micro-estruturas e nano-estruturas, com microscópios electrónicos de varrimento), para imitar os seres vivos e resolver problemas nas áreas da engenharia, ciência de materiais e medicina, produzindo materiais e mecanismos tecnológicos ainda melhores que os naturais:
  • Painéis solares e ecrãs com milhões de ondulações microscópicas, que reduzem o reflexo da luz, imitando os olhos das traças e das moscas;
  • Materiais para recolha de água, como o diabo-espinhoso do deserto australiano, que recolhe água do solo com a pata, e o escaravelho do deserto, que recolhe água da neblina matinal com a região posterior do corpo;
  • Tintas e materiais que repelem a água e não se sujam (auto-desinfectantes e auto-laváveis), como a folha de lótus;
  • Tintas, cosméticos e hologramas com micro-estruturas, que reflectem determinados comprimentos de onda da luz, originando uma cor brilhante e persistente (iridescência), como as cores das aves tropicais, escaravelhos, borboletas e diatomáceas;
  • Asas de avião e pás de turbinas eólicas com saliências (rebordo rendilhado), tal como a barbatana de uma baleia-de-bossa;
  • Asas que mudam de forma, como as asas de uma ave de rapina, de modo a reduzirem o atrito e o consumo de combustível;
  • Robots que voam como as moscas e que se descolam facilmente em paredes verticais como as osgas (os milhões de nanopêlos, que existem nos seus dedos, permitem a criação de ligações químicas moleculares, através de forças de Van der Walls), para serem utilizados em operações de salvamento, busca e vigilância;
  • Revestimentos para navios e fatos de competição para a natação, com micro-ranhuras que reduzem o atrito e impedem a fixação de algas, como as escamas da pele do tubarão;
  • Edifícios mais confortáveis, como as termiteiras, que regulam a temperatura, a humidade e o fluxo de ar;
  • Agulhas que não provocam dor, semelhantes à probóscide dos mosquitos;
  • Detectores de incêndios, como um escaravelho que consegue detectar a radiação infravermelha produzida por um incêndio florestal, sentindo o fogo a 100 km de distância;
  • Luzes mais eficientes, como os insectos com bioluminescência, que produzem luz fria com uma perda energética quase nula (uma lâmpada incandescente normal desperdiça 98% da sua energia na forma de calor).
No entanto, há processos biológicos demasiado misteriosos e complicados, como a produção da seda das aranhas (cinco vezes mais resistente do que o aço), que ainda não se conseguem replicar. Poucas invenções biomiméticas foram aplicadas com sucesso para produzir produtos em grandes quantidades, como o velcro, inventado em 1948, pelo engenheiro suíço George de Mestral, ao examinar cardos retirados das calças e do pelo do seu cão.

Fonte: Biomimetismo, desenho natural. National Geographic Portugal, Maio, 2008.

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